por Natalya Gardezani Abduch
Para suprir a demanda da população por produtos de origem animal existe a necessidade de um aumento contínuo da produção mundial de animais. Com isso, o grau de preocupação do consumidor em relação a origem e qualidade dos produtos consumidos também cresce. Atualmente não podemos falar de produção animal sem que o bem-estar venha à tona.
O bem-estar se refere ao estado do animal e às condições que ele recebe para que possa se adaptar ao ambiente. Em bovinos de corte o bem-estar é essencial, não somente pela importância para o gado, mas também pela influência na qualidade do produto final. A criação sob condições estressantes pode acarretar em problemas na saúde e comportamento desses animais, impactando diretamente em prejuízos zootécnicos como perda de peso e qualidade da carne.
Com o objetivo de auxiliar criadores a proporcionar condições de criação adequadas aos seus animais e consequentemente melhorar seus sistemas de produção, trouxemos aqui indicadores de bem-estar animal para facilitar o manejo da propriedade.
O comportamento é o primeiro indicador que podemos observar em um animal. Quando o mesmo não está se sentindo confortável em seu ambiente pode apresentar alguns comportamentos como diminuição na ingestão de alimentos e aumento da frequência respiratória ou respiração ofegante. Esses comportamentos indicam que pode existir algum problema e são sinais sutis que podem ser observados todo o dia no rebanho.
A taxa de morbidade, ou seja, a quantidade de indivíduos portadores de doenças dentro do rebanho, como claudicação e frequência de lesões, quando encontradas acima dos limites reconhecidos podem também pode ser um indicador de que os animais não estão vivendo nas condições necessárias. Nesse caso, é importante estudar e entender a etiologia da doença para detectar potenciais problemas.
Outro indicador importante é a taxa de mortalidade, que assim como a taxa de morbidade pode revelar o estado de bem-estar animal. É importante que as mortalidades sejam registradas regularmente na propriedade para que seja possível realizar análises em relação a causa da morte,padrão de frequência e distribuição tempo-espacial da mortalidade.
Animais com o bem-estar comprometido podem apresentar má condição corporal e perda de peso significativa. Portanto, avaliar o escore de condição corporal é de extrema importância no sistema de produção. Quando o animal não possui uma boa condição corporal, consequentemente começa a apresentar problemas na eficiência reprodutiva, que pode ser outro indicador importante. Exemplos de baixo desempenho reprodutivo que podem estar relacionados a um problema de bem-estar são: anestro ou intervalo pós-parto prolongado, baixas taxas de concepção, altas taxas de aborto e altas taxas de distocia.
Além dos indicadores de bem-estar é importante ter consciência de que o ambiente também afeta o estado dos animais. Devido à natureza extensiva dos sistemas de produção utilizados em nosso país, o estresse térmico é o principal fator que pode prejudicar os rebanhos, podendo causar também impactos negativos em seu desempenho e índices zootécnicos. Diante da dificuldade em manter a produtividade e promover o bem-estar para animais de produção criados no clima tropical, também é essencial o desenvolvimento de estratégias na propriedade para minimizar esses problemas, como por exemplo o fornecimento de sombra, aspersão de água e livre acesso à água limpa e potável.
Independente do sistema de produção utilizado na propriedade é importante que o produtor busque sempre atender os princípios do bem-estar para seu rebanho para que, além de proporcionar condições favoráveis para os mesmos, obtenha melhores índices zootécnicos, aprimorando a qualidade de seu produto final.
Fonte:
˗ Alvarenga, S. R. Bem-estar Animal e sua Influência na Bovinocultura de Corte. Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2022.
˗ Humane Farm Animal Care, Humane Farm Animal Care Referencial de Bem-Estar Animal Bovinos de Corte, Edição 21v2, 2014.
˗ Novo, L. A. Bem-estar Animal e Sistemas de Produção de Gado de Corte, 2014.