Por Natalya Gardezani Abduch – Médica Veterinária, Mestre em Produção Animal Sustentável.
A agricultura familiar representa muito mais do que a produção de alimentos — ela é um pilar fundamental para a sustentabilidade ambiental, a segurança alimentar e o desenvolvimento das comunidades rurais. Responsável por cerca de 80% dos alimentos consumidos no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), os pequenos produtores desempenham um papel vital na construção de um futuro mais equilibrado e justo.
Por meio de práticas de cultivo sustentáveis, a agricultura familiar contribui diretamente para a preservação dos recursos naturais. Ao priorizar técnicas agroecológicas, esses agricultores ajudam a manter a fertilidade do solo, proteger a biodiversidade e reduzir a dependência de insumos químicos, como fertilizantes e pesticidas sintéticos. Isso resulta em uma produção mais saudável para as pessoas e para o meio ambiente.
Além dos benefícios ambientais, a agricultura familiar é uma importante fonte de geração de emprego e renda no campo, fortalecendo as economias locais e contribuindo para a permanência das famílias no meio rural. Ela promove o desenvolvimento social e cultural das comunidades, resgatando saberes tradicionais e promovendo a diversidade de culturas alimentares.
O reconhecimento da relevância da agricultura familiar é internacional. Em 2014, a ONU declarou o Ano Internacional da Agricultura Familiar, e, em 2019, instituiu a Década Internacional da Agricultura Familiar (2019-2028), com o objetivo de apoiar políticas públicas e ações que valorizem ainda mais essa forma de produção.
Valorizar a agricultura familiar é investir em um modelo de desenvolvimento mais sustentável, inclusivo e resiliente. É reconhecer que o futuro da alimentação, do meio ambiente e da vida no campo depende do apoio a esses pequenos produtores que, com sabedoria e trabalho árduo, cultivam muito mais do que alimentos: cultivam equilíbrio ecológico, justiça social e esperança para as próximas gerações. Cabe à sociedade, aos governos e às instituições ampliar o apoio a essas iniciativas, promovendo o acesso à terra, à assistência técnica, ao crédito e aos mercados, garantindo que a agricultura familiar continue sendo um alicerce essencial para um planeta mais saudável e humano.
Fonte:
– MONTEIRO, E.P.; MARTINS, C.M.; ARAÚJO, J.G.; BRABO, M.F.; SANTOS, M.A.S. Sucessão na agricultura familiar brasileira: uma revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Educação no Campo, v. 7, e15729, 2024.
-SILVA, R.M.A.; NUNES, E.M. Agricultura familiar e cooperativismo no Brasil: uma caracterização a partir do Censo Agropecuário de 2017. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 61, n. 2, e252661, 2023.
– OLIVEIRA, W.C.; BERTOLINI, G.R.F. A systematic review about the contribution of cooperatives to the sustainability of family-based agriculture. Research, society and development, v. 11, n. 2, e43411226098, 2022.
– ONU-BRASIL. Agenda 2030. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso: 18 abr. 2025.