Por Natalya Gardezani Abduch – Médica Veterinária, Mestre em Produção Animal Sustentável
A caprinocultura é uma atividade agropecuária de grande importância no Brasil, especialmente nas regiões semiáridas, como o Nordeste. A criação de cabras é uma prática antiga e bem adaptada às condições climáticas adversas dessas áreas, sendo uma fonte significativa de renda, alimento e sustento para muitas famílias. A versatilidade dos caprinos, que podem ser criados tanto para a produção de carne quanto de leite e pele, faz com que a atividade seja atrativa para pequenos e médios produtores.
O Nordeste concentra a maior parte do rebanho caprino brasileiro, representando cerca de 90% do total nacional. Estados como Bahia, Ceará e Pernambuco lideram na criação, principalmente devido às características do clima semiárido, onde as cabras são mais adaptadas do que outras espécies de animais de criação. No entanto, a caprinocultura também está presente em outras regiões, como o Sul, onde há maior enfoque na produção de leite e derivados, como queijos finos.
O sistema de produção predominante é o extensivo, comum em regiões semiáridas, porém também podemos observar manejos intensivos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. O sistema extensivo é caracterizado pelo uso de pastagens naturais, com baixa adoção de tecnologias e pouco controle sanitário, resultando em menores índices produtivos. Já o sistema intensivo, que envolve alimentação balanceada, controle sanitário rigoroso e manejo reprodutivo, apresenta melhores resultados produtivos, principalmente na produção de leite.
Apesar de seu potencial, a criação de caprinos no Brasil enfrenta diversos desafios. Entre os principais estão a baixa produtividade devido a práticas de manejo inadequadas, a falta de assistência técnica, e o acesso limitado a mercados e tecnologias. Além disso, o controle de doenças como verminoses, linfadenite caseosa, e artrite encefalite caprina é fundamental para evitar perdas econômicas significativas.
A caprinocultura tem um grande potencial de crescimento no Brasil, principalmente com o aumento da demanda por produtos diferenciados e de alta qualidade, como queijos de cabra, que têm conquistado consumidores em mercados internos e externos. Investimentos em melhoramento genético, manejo sanitário e nutrição, bem como o desenvolvimento de cadeias produtivas organizadas, são essenciais para aumentar a competitividade do setor.
Além disso, programas de incentivo e políticas públicas que fomentem o acesso a crédito e assistência técnica podem alavancar a caprinocultura como uma atividade rentável e sustentável, contribuindo para a fixação do homem no campo e para a melhoria da qualidade de vida dos pequenos produtores rurais.
Fonte:
– MAGALHÃES, K.A.; MARTINS, E.C.; LUCENA, C.C.; HOLANDA FILHO, Z.F. Panorama da ovinocultura e caprinocultura a partir do Censo Agropecuário 2017. Boletim do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos, n. 7, p. 5-26, 2018.
– AMANCIO, V.F.S.V.; PEREIRA, T.S. Panorama da Caprinocultura de Corte e Leite no Brasil. Revista Científica Eletrônica de Ciências Aplicadas da FAIT, 2014.
– VIEIRA, B.C.R.; ALFAIATE, M.B.; MADELLA-OLIVEIRA, A.F.; QUIRINO, C.R.; SOUZA, M.H.; OLIVEIRA, A.P.G.; CLIPES, R.C.; AMARAL, M.A. Caracterização fenotípica e diversidade genética de caprinos: revisão. PUBVET, v. 9, n. 1, p. 38-44, 2015.